quarta-feira, 12 de maio de 2010

BELÉM, PARÁ, BRASIL

Região Norte... Ferida aberta pelo progresso, sugada pelos sulistas e amputada pela consciência nacional.

Belém § Pará § Brasil
Compositor: Edmar Rocha.

Vão destruir o Ver-o-Peso
E construir um shopping center...
Vão derrubar o Palacete Pinho
Pra fazer um condomínio...

Coitada da Cidade Velha
Que foi vendida pra Hollywood
Pra ser usada como um albergue
No novo filme do Spielberg!

Refrão:
Quem quiser venha ver,
Mas só um de cada vez
Não queremos nossos jacarés
Tropeçando em voces!

A culpa é da mentalidade
Criada sobre a região.
Por que que tanta gente teme?
Morte não é com N.

Nossos índios não comem ninguém...
Agora é só hamburger!
Por que ninguém nos leva a sério?
Só o nosso minério?

Refrão:
Quem quiser venha ver,
Mas só um de cada vez.
Não queremos nossos jacarés
Tropeçando em voces!

Aqui a gente toma guaraná,
Quando não tem Coca-Cola.
Chega das coisas da terra
Que o que é bom vem lá de fora!

Deformados até a alma.
Sem cultura e opinião.
O nortista só queria...
... FAZER PARTE DA NAÇÃO!

Ah! Chega de malfeitura...
Ah! Chega de triste rima...
Devolvam a nossa cultura...
Queremos o NORTE LÁ EM CIMA!

Por que...
Onde já se viu?
ISSO É BELÉM!
ISSO É PARÁ!
ISSO É BRASIL!

Comentário da HiReMe:
E ainda tem gente que ACREDITA que vai ter INDEPENDÊNCIA e SOBERANIA com a divisão do Estado do Pará. Quem é a favor disso tem mais é que tomar cuidado pra não virar um Piauí ou um Maranhão - lugar onde UMA FAMÍLIA MANDA e a maioria do povo LAMBA.
Não soube que as divisões da região nordeste fizeram bem ao povo dos locais. É como costumo dizer: PENSAR NÃO DÓI, mas poucos se dão ao trabalho de fazer isso. Sem falar que - nesta atual realidade - só vemos VAQUINHAS DE PRESÉPIO que concordam com tudo - tudo mesmo - só pra ganhar uma BOLSA.
Acorda, povo!
Acorda, Pará!
Está na hora dos verdadeiros AMAZÔNIDAS defenderem seu território.
Somos um povo que recebe a todos - sem distinção - com respeito e solidariedade. Entretanto, fomos sendo invadidos por pessoas de outras regiões. Nada contra receber - e até mesmo - hospedar amigos. Esse é o espírito do povo nortista.
Agora - E JÁ DEMARCANDO POSIÇÃO -, ninguém sai do seu local de nascimento sem motivo real e imperioso. Todavia, isso não dá o direito de sulistas, sudestinos e nordestinos virem aqui, ocuparem nosso território e, por fim, TEREM A PECHA DE DEFENDER A DIVISÃO DO TERRITÓRIO PARAENSE!
NINGUÉM - quem conhecer alguém, que me informe - ENTRA NA CASA ALHEIA, SE HOSPEDA, SE ALIMENTA, GERA FAMÍLIA E MUDA AS REGRAS E  COSTUMES DA CASA... Na minha terra - de acordo com os mestres que tive - o nome disso é USURPAÇÃO!!!
O Pará é isso! O PARÁ É DOS PARAENSES!
Deputados Federais DESTE e de outros Estados - que apoiam este levante - que vão... TRABALHAR!... Ops! Esqueci que trabalho não é o interesse da maioria.
QUEM NÃO ESTIVER SATISFEITO COM O QUE POSSUI NO TERRITÓRIO PARAENSE, é fácil, fácil... VOLTE PARA SUA TERRA DE ORIGEM.
Pra continuar aqui, não precisas dizer-te PARAENSES, nem NORTISTA - já que isso não é pra qualquer um, afinal esse povo tem coragem pra dá e vender! - APRENDA a ser AMAZÔNIDA. Aprenda a defender o povo que te abraçou, que te amparou. Aprenda a sustentar o chão que te nutriu, alimentou e garante a região.

Olhando Belém...

... enquanto a canoa desce o rio...
[Celso Viáfora]

terça-feira, 11 de maio de 2010

PAVÊ SONHO DE VALSA

INGREDIENTES - 1ª CAMADA
1 colher [sopa] de açucar
1 lata de leite condensado
1 lata [a mesma] de leite cru
3 gemas
1 colher [sopa] rasa de maisena
MODO DE FAZER
Misture tudo, passe pela peneira e leve ao fogo mexendo sempre até engrossar. Despeje logo num pirex untado.
INGREDIENTES - 2ª CAMADA
12 bombons sonho de valsa tradicionais
200 g de ameixa preta em calda
MODO DE FAZER
Pique os bombons e as ameixas e coloque sobre a 1ª camada.
INGREDIENTES - 3ª CAMADA
4 colheres [sopa] bem cheias de açucar
2 colheres [sopa] de chocolate em pó
1 copo [água] de leite
1 colher [sopa] rasa de maisena
MODO DE FAZER
Leve tudo ao forno, mexendo sempre até engrossar. Com este creme subra a 2ª camada.
INGREDIENTES - 4ª CAMADA
6 colheres [sopa] de açucar
3 claras em neve
1 lata de creme de leite gelado e sem soro
MODO DE FAZER
Prepare um suspiro bem firme com o açucar e as claras. Acrescente o creme de leite, mexendo sem bater. Cubra a 3ª camada do doce, leve a geladeira até estar completamente gelado.
DICA
Eu costumo arrumar a sobremesa em pirez retangular, porque - na hora de servir - sirvo a porção com todas as camadas. Tem gente que coloca em pote ou tigela - como as usadas na taça da felicidade. Eu não gosto. Questão de gulodice e preferencia.

Comentário da HiReMe:
Não adianta vir depois me acusar por ter engordado, mas que esse trem é bom demais da conta, isso é. Não dá pra resistir.
Bom apetite.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

CONSULTA MÉDICA

Durante um telefonema com uma amiga, comentei que marcaria meu check-up anual. De repente, ela disse:
— Vou contigo. Marca pra nós duas.
Todo ano é assim. Pelos menos pra quem tem um mínimo de juízo, a visita de rotina aos médicos tem caráter obrigatorio: mastologista, ginecologista, oftalmologista, dentista... Pra mim, a lista é mais extensa, pois tenho que ir ao traumatologista, imunologista e ao dermatologista.
A minha amiga riu e falou que iria num ISTA novo: O DERMATOLOGISTA.
Eu ri e ela me informou que já estava na hora de procurar uns creminhos mágicos para tentar retardar ao máximo as marcas da inevitável entrada nos ENTA.
Sendo sincera, ela entrou gloriosa nesta seita, com direito a uma festa memorável, que durou até as 10h da manhã seguinte. Festa com música ao vivo, família e amigos, fotografias, filmagens e muita música ANOS 80. Realmente foi SENSACIONAL. Na verdade, ela está com tudo em cima. Ninguém podia cantar para ela a frase da Adriana Calcanhoto ‘nada ficou no lugar’.
Entretanto, ela andava de ponta com o espelho da casa dela.
— Mulher, aquele espelho desgraçado resolveu tirar barato com a minha cara. Da noite pro dia, resolveu me transformar de princesa maravilhosa em bruxa. Anda me mostrando coisinhas que nunca haviam aparecido. Uns pontinhos azuis nos tornozelos; pintinhas negras no colo, nos braços; bolinhas vermelhas na bunda... Olheiras profundas...
Pra variar, não contei conversa e cai na gargalhada. O caso merecia uma implicância e eu fui pro ataque.
— Hmm!... Apareceu do nada? Ou será que tu que nunca percebestes os sinais das trevas? Toma cuidado que o espelho mágico não mente.
— Como assim?... Não delira, pô. Tô falando pra você, o idiota resolveu mostrar e pronto. Mas isso não vai ficar assim. Marca o dermatologista e escolhe o melhor.
Bom, eu conheço aquela PRINCESA bem demais, então, lá fui eu marcar as duas consultas. Ficamos em contato e eu fui vendo que ela estava ansiosa e ficando psíquica de nervoso. Basta dizer – claro que ela vai ler este texto e querer me da uns belos tapas – que encarou a consulta como se fosse um encontro bem intencionado, daqueles em que a gente escolhe a roupa íntima com cuidado, que é pra não fazer feio, nem parecer que foi uma escolha proposital.
E eu continuei rindo as pencas dela.
No consultorio, ela passou a tagarelar no meu ouvido, enquanto eu ria e fazia sudoku. Em alguns lampejos de atenção, eu conseguia captar algumas frases como: boa escolha, mulher... Ou: o cara é famoso e cutuca a pele de homem e mulher da high... Até que enfim deste uma dentro, hein?
A atendente disse o meu nome e entrei, com ela a tiracolo.
O médico perguntou:
— Qual o problema?
Do meu jeito informal, já estava me aprontando pra fazer uma gracinha pra descontrair, quando a louca respondeu:
— Ah! Doutor. Minha amiga quer fazer algo pra tirar essa cor pink do rosto dela. Quando ela ri, fica vermelho vivo e não pega bem pra idade dela, né?
Senti o olhar do médico em cima de mim, mas eu estava mesmo era com os olhos grudados na jugular da minha amiga.
O médico me colocou debaixo de uma lupa genial, com uma luz detestável. Examinou e deu o diagnóstico:
— Bem, a coloração está normal. Aliás, está excelente. Sua pele é muito sensível e bem nutrida. Como se fosse pele de nenem.
Enfim, deu os conselhos que sempre ouvi e segui, elogiando minha pele.
Ato seguinte, chegou a vez da minha amiga. O médico leu a ficha com os dados dela, olhou-a dentro dos olhos e perguntou:
— O que lhe trouxe aqui?
E começou a minha diversão. As cortinas se abriram para que eu assistisse A Vida como ela é, de Nelson Rodrigues.
Minha amiga ficou vermelha como um tomate. E muda.
Ele sorriu e esperou.
Quase de olhos fechados, ela desfiou suas queixas. Ela estava disposta a mostrar cada defeitinho novo que estava observando através do maquiavélico e ex-amigo espelho do quarto dela.
Ele observou in loco cada uma das queixas, com a famosa luz de 200w e a mesma lupa.
E começou o diagnóstico. E começou a diversão ao ver a reação de minha amiguinha ouvindo o médico.
— As pintinhas são sinais do Sol, por todo o Sol que já tomou na vida. Com a IDADE [tóinnn!!!] elas vão aparecendo, cada vez mais numerosas. Vai precisar de um protetor solar pra sair de casa pela manhã, mesmo sem ir a praia. Para dirigir inclusive. Braços e pernas; rosto e pescoço.
[ela ficou branca. Era a primeira vez que falavam da IDADE dela. Eu estava como o Jô Soares diz: por fora, apática; mas por dentro, gargalhando]
— Mas eu gosto de praia...
— Evite. Só de 6h as 10h da manhã, sob proteção máxima, guardasol, óculos e chapéu. Bronzear-se, nunca mais.
[eu já estava ficando vermelha de tanto prender o riso. A turma dela só chega na praia as 11h e eu não lembro de ter visto a PRINCESA sem estar bronzeadérrima]
— Ahmmm!... E os pontinhos azuis?
— São pequenos vasos que não suportam a pressão do corpo sobre os saltos altos. Evite. Use sapatos com solado anabela ou baixos, de preferencia. Compre uma meia elástica, Kendall, para quando tiver que usar saltos altos.
[não consegui ficar em silêncio. Emendei o início do riso com uma tosse pra disfarçar. Meias Kendall??? Naquela ali??? Como ela iria sobreviver sem as preciosas sandálias? Comecei a pensar em como sair daquela sala, pois a gargalhada explodiria a qualquer momento]
— Sei... Meias Kendall... E as bolinhas na...
— Isto é normal. Reflexo do calor. Para evitá-las use mais saias que calças. Evite o jeans e as calcinhas de lycra. As de algodão puro são as melhores... E folgadas.
[baixei a cabeça e comecei a me sacudir, rindo. Não conseguia parar de imaginar a PRINCESA com as calcinhas que ela comprava pra mãe dela – enormes na cintura e de florzinhas cor de rosa... Lágrimas começaram a rolar no meu rosto]
— Hã?!?
— Quanto as olheiras são de família. Não há muito o que fazer. Use esse creme a noite, antes de dormir e procure não ir deitar tarde. Alimentação leve, com muita fruta e verdura, pouca carne e muito peixe. Nada de tabaco, nem alcool... Nem café.
[Não aguentei mais. Acabei assustando o médico. Cai numa estrondosa gargalhada. Pedi licença e sai do consultorio, deixando-a sozinha com o médico]
Alguns minutos depois, a porta abriu e la vem a minha amiga. RINDO. E la fui eu recomeçar a gargalhar. Pegamos o carro e cada uma cuidando da sua risada. Nada de conversa.
Tinhamos combinado de, na saída do consultório, irmos almoçar. Eu ainda estava recuperando o fôlego, pois RIR demais cansa. Quando ela pede o prato e uma porção enorme de batata-frita de entrada.
Ao notar o meu olhar, ela disse:
— Ele mandou comer verdura, não foi?
Sem conseguir aguentar, retruquei e, em seguida, liberei uma altíssima gargalhada:
— Só na tua terra que batata é verde...
§§§§§ ***** §§§§§
Alguns dias depois, ela me ligou. Ainda com a entonação risonha, ela me disse:
— Eu sou uma idiota. Eu deveria ter chegado e dito pro médico que eu trabalho muito e passo a maioria do meu dia escrevendo e lendo, ate as 2h da manhã, ne?
— É, teria sido mais justo. Mas tu és muito lesa. A tua cara quando ele falou que tinhas que parar de beber e fumar, foi cômica. E o café?
— Ele é doido, isso sim! – ela disse irritada.
— Quer um conselho?
— Manda.
— É verdade que trabalhas muito, mas podias dar uma maneirada nas saidas boêmicas com os teus amigos... E vai por mim, usa as sandálias altas nas saídas; no dia a dia, segue o conselho do médico. Vais te sentir melhor.
— Nem fu... Eu não vou usar meias Kendall.
— Realmente. Até porque se estiveres usando na hora H, vão acabar rasgando as ditas.
E explodimos na gargalhada.
— Fala sério, mulher! Voce consegue me imaginar de calcinha de algodão e folgada?
E eu continuei gargalhando.
— O doido quer que eu fique barata branca, pô!
— Alooo! Favor não mexer com a família, ok?
— Tá bom, mas... PQP, mulher, eu entrei naquele consultorio me sentindo uma NINFETA e sai como se estivesse com OITENTA.
— Faz assim: troca a luz do teu abajur do quarto. É disso que tu precisas. Um abajur com luz de 15 w... Ah, é claro, um namorado que use óculos... Entendeu?
— Quase... Pra que eu vou precisar de óculos de macho a meia luz?
— Dããã! Tu és lenta, hein? Ainda bem que a lei protege os loucos de todos os gêneros. Prestenssaummmm, cérebro de ameba!!... Troca o espelho com aquele do quarto da tua filha. Espelho menor faz milagre e não mostra muita coisa... hmm!... Pra CURUBA da bunda tem uma solução caseira que vou te passar por e-mail. É tiro e queda.
— Minha bunda vai cair??
E toma gargalhadas.
— As bolotas pretas não tem jeito, que nem as olheiras... E arruma um namorado com óculos pr'o teste final. Ele a cada dia vai te achar mais linda. Quando quiseres ficar FATAL, tira os óculos da cara dele e... bom, APROVEITA!
— E o que eu faço com o abajur?
Minha resposta vai ser censurada neste espaço. Use a imaginação que vais acertar na alvo. Lógico que seguida de uma gargalhada estrondosa.
Ao final disse a ela algo que acredito piamente:
No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que és,
e outras que vão te odiar pelo mesmo motivo.
Acostume-se!

domingo, 9 de maio de 2010

FELIZ DIA DAS MÃES!!!!!

Para Sempre 

Carlos Drummond de Andrade*


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.


Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?


Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

sábado, 8 de maio de 2010

A MORAL, por André Comte-Sponville

A MORAL
André Comte-Sponville*
Vale mais ser Sócrates insatisfeito que um porco satisfeito; vale mais ser Sócrates insatisfeito que um imbecil satisfeito. E se o imbecil ou o porco têm uma opinião diferente, é porque só conhecem um lado da questão: o seu. A outra parte, para fazer a comparação, conhece os dois lados. (JOHN STUART MILL)
Estamos enganados acerca da moral. Ela não existe basicamente para punir, para reprimir, para condenar. Para isso há tribunais, polícias, prisões, e ninguém os confunde com a moral. Sócrates morreu na prisão, sendo todavia mais livre que os seus juizes. É talvez aqui que a filosofia começa. É aqui que a moral começa, para cada qual, e recomeça sempre: onde nenhuma punição é possível, onde nenhuma repressão é eficaz, onde nenhuma condenação, pelo menos exterior, é necessária. A moral começa onde nós somos livres: ela é a própria liberdade, quando esta se julga e se dirige.
Querias roubar aquele disco ou aquela peça de roupa numa loja... Mas há um vigilante que te observa, ou um sistema de vigilância eletrônica, ou tens simplesmente medo de ser apanhado, de ser punido, de ser condenado... Não é honestidade; é calculismo. Não é moral; é precaução. O medo da autoridade é o contrário da virtude, ou é apenas a virtude da prudência.
Imagina, pelo contrário, que tens esse anel de que fala Platão, o famoso anel de Giges que te torna invisível quando queres... É um anel mágico que um pastor encontrou por acaso. Basta rodar o anel e voltar o engaste para o lado da palma da mão para a pessoa se tornar totalmente invisível, e rodá-lo para o outro lado para voltar a ficar visível... Giges, que era um homem honesto, não soube resistir às tentações a que este anel o submetia: aproveitou os seus poderes mágicos para entrar no Palácio, seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder e exercê-lo em seu exclusivo benefício... Quem conta a história n'A República [uma das obras de Platão] conclui que o bom e o mau, ou supostos como tais, não se distinguem senão pela prudência ou pela hipocrisia, ou, dito de outra maneira, pela importância desigual que atribuem ao olhar dos outros ou pela sua maior ou menor habilidade em se esconder... Possuíssem um e outro o anel de Giges e nada os distinguiria: «tenderiam ambos para o mesmo fim». Isto é sugerir que a moral não é senão uma ilusão, um engano, um medo disfarçado de virtude. Bastaria podermos tornar-nos invisíveis para que qualquer interdição desaparecesse, e não houvesse senão a procura, por parte de cada um, do seu prazer ou do seu interesse egoístas.
Será isto verdade? Claro que Platão está convencido do contrário. Mas ninguém é obrigado a ser platônico... Para ti, a única resposta válida está em ti mesmo. Imagina, como experiência de pensamento, que tinhas esse anel. Que farias? Que não farias? Continuarias, por exemplo, a respeitar a propriedade dos outros, a sua intimidade, os seus segredos, a sua liberdade, a sua dignidade, a sua vida? Ninguém pode responder por ti: esta questão só a ti diz respeito, mas diz respeito a tudo o que tu és. Tudo aquilo que não fazes, mas que te permitirias se fosses invisível, releva menos da moral que da prudência ou da hipocrisia. Em contrapartida, aquilo que, mesmo invisível, continuarias a obrigar-te ou a proibir-te, não por interesse mas por dever, só isso é estritamente moral. A tua alma tem a sua pedra de toque. A tua moral tem a sua pedra de toque, pela qual te julgas a ti mesmo. A tua moral? Aquilo que exiges de ti, não em função do olhar dos outros ou desta ou daquela ameaça exterior, mas em nome de uma certa concepção do bem e do mal, do dever e do interdito, do admissível e do inadmissível, enfim, da humanidade e de ti. Concretamente: o conjunto das regras às quais te submeterias mesmo que fosses invisível e invencível.
Será demasiado? Ou será pouco? Cabe a ti decidir. Aceitarias, por exemplo, se pudesses tornar-te invisível, fazer condenar um inocente, trair um amigo, martirizar uma criança, violar, torturar, assassinar? A resposta só depende de ti; tu, moralmente, não dependes senão da tua resposta. Não tens o anel? Isso não te dispensa de refletir, de julgar, de agir. Se há uma diferença mais do que aparente entre um malvado e um homem bom é porque o olhar dos outros não é tudo, porque a prudência não é tudo. Tal é a aposta da moral e a sua solidão derradeira: toda a moral é em relação ao outro, mas de si para si. Claro que agir moralmente é tomar em consideração os interesses do outro, mas «às ocultas dos deuses e dos homens», como diz Platão, ou, dito de outro modo, sem recompensa nem castigo possíveis e sem ter necessidade, para isso, de outro olhar que não o próprio. Uma aposta? Exprimo-me mal, pois a resposta, mais uma vez, só depende de ti. Não se trata de uma aposta, mas de uma escolha. Só tu sabes o que deves fazer, e ninguém pode decidir por ti. Solidão e grandeza da moral: só vales pelo bem que fazes e pelo mal que te proíbes, sem outro benefício que a satisfação — ainda que mais ninguém saiba disso — de fazer bem.
É o espírito de Espinosa: «Fazer bem e ter alegria.» É apenas o espírito. Como podemos ter alegria sem nos estimarmos ao menos um pouco? E como nos estimaremos sem nos dirigirmos, sem nos dominarmos, sem nos ultrapassarmos? É a tua vez de jogar, como se diz, mas não é um jogo, e ainda menos um espectáculo. É a tua própria vida: tu és, aqui e agora, aquilo que fazes. É inútil, do ponto de vista moral, sonharmos ser outra pessoa. Podemos esperar a riqueza, a saúde, a beleza, a felicidade... É absurdo esperar a virtude. Ser malvado ou bom, cabe-te a ti escolher, somente a ti: tu vales exatamente o que queres.
O que é a moral? É o conjunto das coisas a que um indivíduo se obriga ou que proíbe a si mesmo, não para aumentar a sua felicidade ou o seu bem estar, o que não passaria de egoísmo, mas para levar em conta os interesses ou os direitos do outro, para não ser um malvado, para permanecer fiel a uma certa ideia da humanidade e de si. A moral responde à questão Que devo fazer? — é o conjunto dos meus deveres, ou seja, dos imperativos que reconheço como legítimos — mesmo que, como qualquer pessoa, ocasionalmente os viole. É a lei que imponho a mim mesmo, ou que deveria impor-me, independentemente do olhar do outro e de qualquer sanção ou recompensa esperadas.
Que devo fazer? e não: Que devem fazer os outros? Eis o que distingue a moral do moralismo. «A moral, dizia Alain, nunca é para o nosso vizinho»: aquele que se ocupa dos deveres do vizinho não é moral, mas moralizador. Haverá espécie mais desagradável? Discurso mais inútil? A moral só é legítima na primeira pessoa. Dizer a alguém: «Deves ser generoso» não é fazer prova de generosidade. Dizer-lhe: «Deves ser corajoso» não é fazer prova de coragem. A moral só vale para nós mesmos; os deveres só valem para nós mesmos. Para os outros bastam a misericórdia e o direito.
De resto, quem pode conhecer as intenções, as desculpas ou os méritos dos outros? Moralmente, ninguém pode ser julgado senão por Deus, se este existir, ou por si, e isto faz com que uma existência seja suficiente. Foste egoísta? Foste displicente? Aproveitaste-te da fraqueza de outro, da sua fragilidade, da sua ingenuidade? Mentiste, roubaste, violaste? Tu sabe-lo bem, e este saber de ti para ti é o que se chama consciência, e é o único juiz que importa, pelo menos moralmente. Um processo? Uma multa? Uma pena de prisão? Isso é apenas a justiça dos homens: apenas o direito e a polícia. Quantos malvados não há em liberdade? E quantas pessoas de bem na prisão? Podes estar de bem com a sociedade, e não há dúvida de que isso é necessário. Mas não te dispensa de estar de bem contigo mesmo, com a tua consciência, e esse é o único bem de verdade.
Haverá então tantas morais quantos os [?] indivíduos? Não. É este o paradoxo da moral: só é válida na primeira pessoa, mas é-o universalmente, ou seja, para todos os seres humanos (pois qualquer ser humano é um «eu»). Pelo menos, é assim que a vivemos. Na prática, sabemos bem que há morais diferentes, que dependem da educação que se recebeu, da sociedade ou da época em que se vive, dos meios que se frequenta, da cultura em que nos reconhecemos... Não há uma moral absoluta, ou ninguém lhe tem acesso absolutamente. Mas quando me proíbo a crueldade, o racismo ou o crime, sei também que não se trata somente de uma questão de preferência, a qual dependeria do gosto de cada um. É antes de mais uma condição de sobrevivência e de dignidade para a sociedade, para qualquer sociedade, ou seja, para a humanidade ou para a civilização.
Se toda a gente mentisse, ninguém acreditava em ninguém: nem se poderia sequer mentir (pois a mentira supõe a própria confiança que viola) e qualquer comunicação se tornaria absurda ou vã.
Se toda a gente roubasse, a vida em sociedade tornar-se-ia impossível ou miserável: deixaria de haver propriedade, não haveria bem estar para ninguém nem haveria nada para roubar...
Se toda a gente matasse, seria a humanidade ou a civilização que correriam para a sua perda: haveria apenas violência e medo, e seríamos todos vítimas dos assassinos que seríamos todos...
Trata-se apenas de hipóteses, mas que nos levam ao coração da moral. Queres saber se esta ou aquela ação são boas ou condenáveis? Pergunta a ti mesmo o que se passaria se toda a gente se comportasse como tu. Por exemplo, uma criança deita a pastilha elástica para o passeio: «imagina, dizem-lhe os pais, que toda a gente fazia o mesmo: que sujidade isso não provocaria, que desagradável seria para ti e para todos!» Imagina, a fortiori, que toda a gente mentia, que toda a gente matava, que toda a gente roubava, violava, agredia, torturava... Como poderias desejar uma humanidade assim? Como poderias querê-la para os teus filhos? E em nome de quê te poderias pôr à margem do que queres? Tens pois de te proibir o que condenarias nos outros, ou então renunciar a julgares-te pelo universal, isto é, pelo espírito ou pela razão. É este o ponto decisivo: trata-se de nos submetermos pessoalmente a uma lei que nos parece ser válida, ou deveria ser válida, para todos.
Tal é o sentido da famosa formulação kantiana do imperativo categórico, na Fundamentação da metafísica dos costumes [dados bibliográficos da edição portuguesa aqui] «Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que seja uma lei universal.» Trata-se de agir mais segundo a humanidade que segundo o «querido pequeno eu», e obedecer mais à razão que às inclinações ou aos interesses. Uma ação só é boa se o princípio ao qual se submete (a sua «máxima») pode, de direito, ser válido para todos: agir moralmente é agir de tal maneira que possas desejar, sem contradição, que qualquer indivíduo se submeta aos mesmos princípios que tu. Isto retoma o espírito dos Evangelhos, ou o espírito da humanidade (encontramos formulações equivalentes noutras religiões), tal como Rousseau enuncia a «máxima sublime»: faz aos outros como queres que te façam a ti. E retoma também, mais modestamente, mais lucidamente, o espírito de compaixão, de que Rousseau, mais uma vez, exprime a fórmula, «bem menos perfeita, mas mais útil talvez que a precedente: Faz o teu bem com o menor mal que for possível causar aos outros». Isto é viver, pelo menos em parte, segundo o outro, ou melhor, segundo si mas enquanto se julga e pensa. Completamente só, dizia Alain, universalmente.. É a moral em si mesma.
Será necessário um fundamento para legitimar esta moral? Não é necessário nem forçosamente possível. Uma criança está a afogar-se. Tens necessidade de um fundamento para a salvares? Um tirano massacra, oprime, tortura... Tens necessidade de um fundamento para o combater? Um fundamento seria uma verdade incontestável que viria garantir o valor dos nossos valores: isto permitir-nos-ia demonstrar, incluindo àquele que não os partilha, que nós temos razão e ele está enganado. Mas para isso seria necessário começar por fundamentar a razão, e isso não se pode fazer. Haverá alguma demonstração que possa prescindir dos princípios prévios, que teríamos de começar por demonstrar? E, no caso dos valores, haverá um fundamento que não pressuponha a própria moral que pretende fundamentar? Como demonstrar ao indivíduo que pusesse o egoísmo à frente da generosidade, a mentira à frente da sinceridade, a violência ou a crueldade à frente da doçura ou da compaixão, que está errado, e que efeito poderia tal demonstração ter sobre ele? Que importa o pensamento àquele que só pensa em si? Que importa o universal àquele que só vive para si? Por que há-de respeitar o princípio de não contradição aquele que não hesita em profanar a liberdade dos outros, a dignidade dos outros, a vida dos outros? E, para o combater, de que nos serviria ter primeiramente os meios para o refutar? O horror não se refuta. O mal não se refuta. Contra a violência, contra a crueldade, contra a barbárie, temos menos necessidade de um fundamento que de coragem. E, em face de nós mesmos, menos necessidade de um fundamento que de exigência e fidelidade. Trata-se de não sermos indignos do que a humanidade fez de si e de nós. Para que precisamos de um fundamento ou de uma garantia para tal? Como seriam eles possíveis? A vontade basta, e vale mais.
«A moral, escrevia Alain, consiste em nos sabermos espírito e, a esse título, absolutamente obrigados; pois tal nobreza impõe uma obrigação. Nada mais há na moral que o sentimento da dignidade.» Trata-se de respeitar a humanidade em si e no outro. O que não acontece sem resistência nem sem esforço. Nem sem combate. Trata-se de recusares em ti a parte que não pensa, ou que não pensa senão em ti. Trata-se de recusares, ou pelo menos superares, a tua própria violência, o teu próprio egoísmo, a tua própria baixeza. De quereres ser homem, ou mulher, e de seres digno disso.
«Se Deus não existe, diz uma personagem de Dostoievski, tudo é permitido.» Não é verdade, visto que, crente ou descrente, não te permites tudo: nem tudo seria digno de ti!
O crente que só respeitasse a moral na esperança do paraíso, ou por medo do inferno, não seria virtuoso: seria apenas uma questão de egoísmo e prudência. Aquele que só faz o bem para a sua própria salvação, diz mais ou menos Kant, não faz o bem e não será salvo. Isto quer dizer que uma acção só é moralmente boa na condição de a fazermos, como também diz Kant, sem nada esperar em troca. É aqui que entramos, moralmente, na modernidade, ou seja, no laicismo (no bom sentido do termo: no sentido em que um crente pode ser tão laico como um ateu). É o espírito das Luzes. É o espírito de Bayle, Voltaire, Kant. Não é a religião que fundamenta a moral; pelo contrário, é a moral que fundamenta ou justifica a religião. Não é porque Deus existe que devo agir bem; é por agir bem que posso ter esperança — não para ser virtuoso, mas para escapar ao desespero — de crer em Deus. Não é porque Deus me ordena qualquer coisa que isso é bom; é por um mandamento ser moralmente bom que posso acreditar que vem de Deus. Deste modo, a moral não impede a crença, até conduz, segundo Kant, à religião. Mas não depende desta nem pode ser reduzida a ela. Mesmo que Deus não exista, mesmo que não haja nada depois da morte, isso não te dispensa de fazeres o teu dever, ou seja, de agires humanamente.
«Não há nada tão belo e legítimo», escrevia Montaigne, «como o homem fazer bem e de acordo com o que é prescrito.» O único dever é ser humano (no sentido em que a humanidade não é somente uma espécie animal, mas uma conquista da civilização), a única virtude é ser humano, e ninguém pode sê-lo em teu lugar.
Isto não substitui a felicidade, e é por isso que a moral não é tudo. Não substitui o amor, e é por isso que a moral não é o essencial. Mas nenhuma felicidade a dispensa; nenhum amor é suficiente: o que quer dizer que a moral é sempre necessária.
É ela que te permitirá, sendo livremente tu mesmo (em vez de ficares prisioneiro dos teus instintos e dos teus medos!), viver livremente com os outros.
A moral é a exigência universal, ou pelo menos universalizável, que te foi pessoalmente confiada.
É quando o homem, ou a mulher, fazem bem que ajudam [?] a humanidade a fazer-se. E tal é preciso: ela tem necessidade de ti como tu tens necessidade dela!
* André Comte-Sponville, filósofo materialista francês.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Portaria do TRT

Comentário da HiReMe:
Brasileiro é assim. De quatro em quatro anos, esquece filho na escola, deixa mãe plantada no supermercado... E tudo isso por causa de um evento esportivo mundial: a COPA DO MUNDO DA FIFA.
E mais uma vez o TRT-8ªRegião vem exemplificar que a prevenção é o melhor meio de evitar problemas.
Casa arrumada e organizada - em geral - gera bons frutos. Veja como funcionará a nosso tribunal no período de 11/06 a 11/07 de 2010.




JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO
PRESIDÊNCIA DO TRIBUNAL

PORTARIA Nº 652, DE 16 DE ABRIL DE 2010

Fixa, excepcionalmente, os horários de expediente interno e de atendimento externo da Justiça do Trabalho da 8ª Região, para os dias dos jogos da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo de 2010.

A PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA OITAVA REGIÃO, no uso de suas atribuições legais e o que consta do inciso XVIII do artigo 37 do Regimento Interno,
CONSIDERANDO a participação da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo de 2010, assim como o interesse geral no acompanhamento dos jogos a iniciar-se no próximo dia 11 de junho;
CONSIDERANDO que o referido torneio é composto de fases classificatórias (3 jogos) e eliminatórias (4 jogos), com a possibilidade de classificação das equipes em primeiro ou segundo lugar;
CONSIDERANDO a necessidade de adequação prévia dos serviços prestados por este Tribunal para que não haja prejuízos aos jurisdicionados em razão do referido evento, e
CONSIDERANDO o procedimento adotado neste Regional, em Copas do Mundo anteriores, bem como as medidas que vêm sendo tomadas, atualmente, por outros Tribunais,

R E S O L V E:

FIXAR, em caráter excepcional, o horário de expediente interno das unidades administrativas e judiciárias e atendimento externo da Justiça do Trabalho da 8ª Região, como a seguir:
Art.1º. Nos dias 15.06.2010 (terça-feira) e 25.06.2010 (sexta-feira), quando haverá jogos da primeira fase do torneio, o expediente será das 7h30 às 14h e das 7h30 às 9h30, respectivamente;
Art. 2º. Caso a Seleção Brasileira se classifique para a fase seguinte (oitavas de final), podendo participar do jogo no dia 28.6. ou no dia 29.06.2010, o expediente, na data do jogo, será das 7h30 às 14h.
Art.3º. Na hipótese de passagem da Seleção Brasileira às quartas de final, em que uma das partidas ocorrerá no dia 02.07.2010 (sexta-feira), às 11h, o expediente será das 7h30 às 9h30.
Art.4º. Classificada a Seleção Brasileira para as semifinais, com partidas marcadas para os dias 6 e 7.07.2010, às 15h30, o expediente, na data do jogo, será das 7h30 às 14h.
Art.5º. Observadas a conveniência e as necessidades do serviço, cada Órgão, Diretoria, Assessoria, Setor ou Vara do Trabalho deverá remarcar os atos e audiências porventura já agendados para além do horário de encerramento do expediente nas datas de que trata esta Portaria, de tal medida dando pronta e efetiva ciência aos interessados.
Art. 6º. Os prazos que vencerem nos dias de jogos da seleção brasileira ficarão prorrogados para o primeiro dia útil subseqüente (art. 184, § 1º, inciso II, Código de Processo Civil).
Art. 7º. Cumpre às Diretorias, Assessorias, Setores e Varas do Trabalho integrantes da estrutura do TRT da 8ª Região providenciar para que haja a mais ampla e imediata divulgação das disposições contidas nesta Portaria.
Art. 8º. Se a Seleção Brasileira não vier a se classificar para as etapas previstas nos artigos 2º, 3º e 4º será mantido o horário normal de expediente naqueles dias.
Publique-se, dê-se ciência e cumpra-se.


FRANCISCA OLIVEIRA FORMIGOSA
Desembargadora Presidente

TARTARUGA NO POSTE

Enquanto suturava um ferimento na mão de um velho gari (cortada por um caco de vidro indevidamente jogado no lixo), o médico e o paciente começaram a conversar sobre o país, o governo e, fatalmente, sobre o Lula.
O velhinho disse:
- Bom, o senhor sabe, o Lula é como uma tartaruga em cima do poste...
Sem saber o que o gari quis dizer, o médico perguntou o que significava uma tartaruga num poste.
E o gari respondeu:
- É quando o senhor vai indo por uma estradinha, vê um poste e lá em cima tem uma tartaruga tentando se equilibrar. Isso é uma tartaruga num poste.
Diante da cara de interrogação do médico, o velho acrescentou:
- Você não entende como ela chegou lá;
- Você não acredita que ela esteja lá;
- Você sabe que ela não subiu lá sozinha;
- Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
- Você sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
- Você não entende porque a colocaram lá;
Então tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá, e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o seu lugar.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

§ DEFINITIVAMENTE, ELE É O CARA...

§ DEFINITIVAMENTE, ELE É O CARA...

Não quero saber de partidarismos, achismos, estrabismos ou chatismos... Vamos nos ater SOMENTE aos FATOS.
Com a introdução no tom certo, podes confessar sem qualquer medo: nunca antes na história desse país existiu um presidente mais PÉ FRIO.
Campeão, o tenista Gustavo [Guga] Kuerten presentou O CARA com uma raquete e nunca mais foi o mesmo.
O boxeador Popó jamais venceu uma luta importante após presentear O CARA com seu par de luvas.
 O mega-star Lenny Kravitz até sumiu do show-business após presentear O CARA com sua guitarra famosa.
O presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, foi ao Palácio do Planalto levar uma camisa do time, às vésperas da decisão da Copa do Brasil, em 2007, e na final aconteceu o que parecia impossível: perdeu o título para o Figueirense, em pleno Maracanã, com dois gols roubados pela bandeirinha.
O Corinthians caiu para a segundona, logo depois do petista ser homenageado pela diretoria do clube com uma camisa 10 e seu nome grafado.
Antes de partir para a última Copa do Mundo, Roberto Carlos foi o único jogador a visitar O CARA, levando para ele uma camisa da Seleção autografada pelos craques. O lateral-esquerdo ajeitava o meião quando Thierry Henry, nas suas costas, fez o gol francês que tirou o Brasil da final .
Após uma campanha espetacular na Copa Libertadores da América, o time do Fluminense recebeu a visita d'O CARA, antes da final com a LDU - onde posou para fotos exibindo a camisa do time. No jogo, em pleno Maracanã, o Flu perdeu três pênaltis e o título.
A antes imbatível seleção masculina de vôlei esteve com O CARA. Perdeu os dois jogos seguintes diante da torcida brasileira, e o título da Liga Mundial. 
Olha a foto ao lado... É O CARA, a caminho de Pequim, levando a sua 'bênção' para o maior favorito brasileiro nos Jogos Olímpicos, Diego Hypólito. Deu no que deu...
Não adianta vir com reclamação... O Presidente do Corinthians parece que estava adivinhando. Olha só a cara dele, tadinho... [risos] Fonte desta foto: Marília Juste/G1
Em resumo: Ainda bem que sou alérgica a frutos do mar... E registrando: a GRAVATA DO CARA É RUBRRONEGRAAAAAAAAA!!!!

A COMPLICADA ARTE DE VER, por Rubem Alves

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura.
"Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que ja fizera centenas de vezes: cortar cebolas.
Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto.
Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto!"
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui a estante de livros e de la retirei as Odes Elementares, de Pablo Neruda. Procurei a Ode à Cebola e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual aquela que lhe causou assombro: Rosa de água com escamas de Cristal. Não, voce não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os porgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica a física ótica de um a máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não se pertence a física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio ve não é a mesma árvore que o tolo ve". Sei disso por experiencia própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia a frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser apreendido.
Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e todaa sua espiritualidade é uma besca da experiência chamada satori, a abertura do terceiro olho. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos nacompanhia de Jesus ressiscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram".
Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em Operário em Construção: "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estãona caixa de ferramentas, eles são apneas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vamos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário.
Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que veem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa de brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus cristo fugido do céu, tornado criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas".
Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que de dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ai, que vontade que dá!!!


Depois da chuva... Final de tarde... Um delicioso tacacá... Servidos?

DOIS PRESIDENTES NORDESTINOS!!!

Nunca antes na história deste país eu soube da existência de tanta arrogância nascer do terreno fértil da ausência de conhecimento. Acho que os neurologistas devem estar se matando para estudar o que acontece quando o crânio humano não está completamente preenchido de neurônios, mas flutuando em desaglutinado atrofiamento por falta de uso.
Olha só como a ORIGEM da pessoa nada tem a ver com a sua formação moral; a moralidade tem muito mais de CARÁTER do que qualquer outra coisa.

DOIS PRESIDENTES: Castello Branco e Lula.
DOIS NORDESTINOS: Um Cearense e Um Pernambucano.

Ao ver Lula defendendo seu filho que recebeu R$ 15 milhões de reais da TELEMAR para tocar sua empresa, Élio Gáspari publicou essa história tirada do fundo do baú:

Em 1966 o presidente Castello Branco leu os jornais que seu irmão, funcionário com cargo na Receita Federal, ganhara um carro Aero-Willys como agradecimento dos colegas funcionários pela ajuda que dera na lei que organizava a carreira. O presidente telefonou mandando que ele devolvesse o carro.
O irmão argumentou que se devolvesse ficaria desmoralizado em seu cargo. O presidente Castello Branco interrompeu-o dizendo:
"Meu irmão, afastado do cargo você já está. Estou decidindo agora se você vai preso ou não".

E o Lula ainda alega que não existe ninguém NESTE PAÍS com mais moral e ética do que ele.

terça-feira, 4 de maio de 2010

CORDEL DA DILMA

A criatividade do povo brasileiro não cessa. Adoro ver o jeito espontaneo de brincar com coisa séria.
Veja só o cordel que o Miguelzim de Princesa criou, direto do Cariri:
Um "PAC" com a Dilma?
I
Quando vi Dilma Roussef
Sair da televisão
Com o rosto renovado
Após uma operação
Senti que o poder transforma:
Avestruz vira pavão.
II
De repente ela virou
Namorada do Brasil:
Os políticos, quando a vêem
Começam a soltar psiu
Pensando em 2010
E em bilhões que ela pariu.
III
A mulher que era emburrada
Anda agora sorridente
Acenando para o povo
Alegre mostrando o dente
E os baba-ovos gritando:
É Dilma pra presidente!
IV
Mas eu sei que o olho grande
Está mesmo é nos bilhões
Que o Lula botou no PAC
Pensando nas eleições
E mandou Dilma gastar
Sobretudo nos grotões.
V
Senadores garanhões
Sedutores de donzelas
E deputados gulosos
Caçadores de gazelas
Enjoaram das modelos
Só querem casar com ela.
VI
Também quero uma lasquinha,
Um pedaço de poder,
Quero olhar nos olhos dela
E, ternamente, dizer
Que mais bonita que ela
Mulher nenhuma há de ser.
VII
Eu já vi um deputado
Dizendo no Cariri
que Dilma é linda e charmosa,
igual não existe aqui,
e é capaz de ser mais bela
que a Angelina Jolie.
VIII
Diz que pisa devagar,
que tem jeito angelical
nunca gritou com ninguém
nem fez assédio moral,
nem correu atrás de gente
com um pedaço de pau...
IX
Dila superpoderosa:
8 bilhões pra gastar
Do jeito que ela quiser
Da forma que ela mandar!
(Sem contar com o milhão
Do cofre do Adhemar).
X
Estou com ela e não abro:
Viro abridor de cancela
Topo matar jararaca
Apago fogo em goela
Para no ano vindouro...
Fazer... um PAC com ela.